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Harmonizando talentos: lições de ‘We Are The World’ para a gestão eficiente de projetos

Harmonizando talentos: lições de ‘We Are The World’ para a gestão eficiente de projetos

Você já viu na Netflix o documentário sobre os bastidores do clipe que mudou o mundo da música? ‘We are the world’ ganhou uma nova dimensão para nós depois do documentário “A Noite Que Mudou o Pop”. Se ainda não viu, cuidado, pois este texto contém spoiler.

Além de nostálgico e artisticamente inspirador, vimos nessa produção um baita exemplo da vida real sobre como gerir um projeto. Ressaltamos alguns pontos que chamaram nossa atenção para você aplicar na sua realidade. Vamos explorar como a produção desse icônico clipe se assemelha à arte de coordenar empreendimentos em qualquer campo. Boa leitura!

Chega uma hora que atendemos a um certo chamado…

No mundo da música, há momentos que transcendem simples composições e acordes. Em 1985, a indústria da música testemunhou um feito notável. Um grupo estelar de artistas se uniu para gravar “We Are the World”, uma canção que transcendeu fronteiras e abraçou a nobre causa da ajuda humanitária. Mais que apenas uma produção musical extraordinária e um hino de solidariedade e união, esse momento histórico revelou-se também um campo fértil para lições valiosas em gestão de projetos.

Somos nós que fazemos um dia mais brilhante

Quem não acompanhou a produção na época pode ter se surpreendido em observar Lionel Ritchie à frente desse grande projeto. Foram muitas tratativas antes de iniciar outras fases e chamar os demais artistas a participarem. Duas coisas se destacam aqui: a fase de planejamento e a liderança.

Acreditamos que neste ponto, precisamos acrescentar pouco no que tange ao planejamento. Todo bom gestor de projetos é, antes de tudo, um grande visionário e estrategista. E prever algumas coisas deve ser sua especialidade. Sem planejamento sequer existe projeto. Portanto, vamos seguir ao próximo ponto: um líder para guiar pessoas.

Assumindo uma liderança espontânea, Lionel Richie desempenhou um papel crucial na gestão de ânimos e egos, alinhando os astros em prol de um objetivo comum. Sua habilidade em inspirar colaboração entre artistas de renome é uma lição sobre como uma liderança carismática pode suavizar as arestas, transformando um grupo diversificado em uma equipe coesa. Assim como um gerente de projeto habilidoso, ele canalizou as energias dos astros musicais em prol de um objetivo comum: criar algo extraordinário.

Uma liderança como essa costuma aparecer de forma natural e não precisa estar necessariamente associada a um cargo ou degrau na hierarquia da empresa ou da empreitada. Neste caso, ele atuou como faria um grande tech lead, cumprindo com primor vários papéis em um mesmo projeto. Lionel foi gentil e generoso com todos e teve momentos em que participou como artista, no mesmo nível de todos do grupo. Quanto a isto, também frisamos: outra característica importante de um bom líder é saber ser liderado.

Se você acreditar, não há como cairmos

O grande “chefe” ali foi Quincy Jones, o maestro magistral por trás do projeto. É necessário estabelecer uma ordem para que o norte não seja perdido em discussões sem sentido e devaneios. No documentário, fica clara a personificação dessa liderança firme e direcionada na pessoa de Quincy Jones, o que foi destacado por vários artistas que participaram do documentário de 2024.

Assim como um gerente de projetos, ele discerniu as sugestões relevantes das meramente dissipatórias. Quando, por exemplo, Stevie Wonder propôs uma ideia que não se harmonizava com o todo, Quincy rapidamente direcionou o grupo de volta ao alvo.

Ao coordenar com autoridade, ele evitou a balbúrdia potencial ao filtrar sugestões e orientar ora o grupo, ora pessoas específicas no rumo do objetivo final: uma obra de arte. A lição aqui é clara: em projetos, uma liderança firme é essencial para manter o foco e a direção.

A mudança só vem quando ficamos juntos em uníssono

Ao mesmo tempo em que Quincy Jones regeu a todos com maestria, existe um requisito importante do lado de quem é regido em um projeto: a cooperação. Nenhum trabalho relevante poderá obter êxito sem a concordância unânime e pacífica das partes em confiar nas orientações do líder.

A disposição de todos os artistas em se submeterem à coordenação de Quincy Jones foi um ponto notável. Essa coesão voluntária, mesmo diante de personalidades tão distintas, destaca a importância da colaboração unânime em projetos, onde cada membro da equipe se compromete com o sucesso do todo. O bilhete deixado por ele na porta do estúdio já dava a tônica do que precisava acontecer: “deixe seu ego do lado de fora”.

Envie seu coração…

Além de liderar brilhantemente, Quincy Jones agiu como um arquiteto sonoro. Ele selecionou cuidadosamente os trechos vocais que seriam atribuídos a cada artista, reconhecendo as nuances de seus tons e timbres.

Essa maestria em atribuir a cada artista um papel que melhor se adequasse ao seu tom e timbre é uma lição preciosa em alocação de recursos. Assim como em projetos, a identificação e utilização dos pontos fortes de cada membro da equipe é crucial para otimizar resultados.

E eles saberão que alguém se importa

Assim como um gerente de projeto, ele ainda lidou com os limites individuais, incentivando Bruce Springsteen, mesmo exausto, e guiando Bob Dylan para alcançar seu melhor desempenho, contando com o apoio fundamental de Lionel Richie.

Isso é uma demonstração de um conjunto de competências mais que valorizadas e requisitadas em líderes de bons projetos e empresas: inteligência emocional.

A paciência demonstrada por Quincy Jones ao lidar com desafios individuais, destaca a necessidade de compreensão e apoio aos membros da equipe. Isso reforça que, em projetos, o reconhecimento das limitações individuais e a provisão de suporte são essenciais para garantir o melhor desempenho de todos. Isso é o que nos diferencia como humanos e nos destaca para além de habilidades técnicas que qualquer pessoa (e hoje até mesmo qualquer máquina) pode adquirir.

Não daria para imaginar que em um time de pessoas tão extraordinárias haveria problemas como esses. Em uma primeira análise, pareceria uma deficiência técnica. Mas fica claro que cantores do porte dos que foram escolhidos para essa produção não seriam profissionais ruins. O que aconteceu foi uma sobrecarga emocional, frente aos desafios que cada um ali estava encarando.

No dia-a-dia, facilmente vemos pessoas serem descartadas por falharem. Mas, quando pensamos em músicos consagrados como Bob Dylan (que vivenciou talvez o momento mais dramático da produção) e Bruce Springsteen (que vinha de uma turnê extenuante), fica claro que falhar é uma consequência totalmente esperada.

Seria desumano resumir a potência e talento dessas pessoas a um momento tenso e envolto de pressão por tempo, fome, cansaço, exposição a luzes, ruídos, pessoas desconhecidas, comparações entre talentos… Agora, transfira essa cena para a sua experiência. Quantos Bob Dylans foram cancelados no seu ambiente de trabalho? Quantos Bruces Springsteens foram demitidos em um dia difícil?

A liderança individual também contribui sobremaneira nesses momentos desafiadores. Ao perceberem a dificuldade de Dylan, os pares também contribuíram com um momento de cantoria sem compromisso que ajudou a relaxar o roqueiro. Essa segurança dada pelos colegas proporcionou uma performance digna de seu talento. Somente um líder emocionalmente preparado é apto para observar o todo e dar esse apoio individual bem como saber quando a descontração é não somente bem-vinda, mas necessária. Também cabe aos líderes do projeto entenderem e gerirem as necessidades dos envolvidos e atende-las o máximo possível, visando manter a motivação que leva ao sucesso geral.

Outra coisa incrível que esse momento dramático nos ensina é sobre a agilidade. Antes que você pense “ah, lá vêm eles com esse papo de agile”, entenda só uma coisa: ser ágil é instintivo. Não tinha manifesto nem papo de construção não-linear de entregáveis em 1985. E eles fizeram tudo no tempo mais adequado a cada expert. Gravaram o coro, depois gravaram os solos no melhor momento de cada artista. E todo mundo ficou feliz sem ter que ficar disponível na hora que o chefe mandou. O “chefe” Quincy, mais uma vez, foi um gênio de orquestrar tudo e todos ao mesmo tempo sem perder a compostura – coisa que quase nenhum chefe moderno faz (contém ironia).

Todos somos parte de uma grande família divina

Nossa analogia com projetos destaca ainda a necessidade de coordenação eficiente não apenas entre talentos, mas também entre diferentes especialidades técnicas. A produção não se limitou apenas às estrelas da música, mas envolveu uma equipe técnica vasta, como engenheiros de som e de luz, iluminadores, operadores de câmera e editores de vídeo. Todos desempenharam papéis cruciais, harmonizando-se para capturar a magia do momento e proporcionar ajustes para que tudo fosse gravado e editado da maneira mais perfeita possível.

Ao ver o clipe, poucas pessoas devem ter percebido, por exemplo, que a cantora Cindy Lauper aparece em alguns takes com colar e depois sem colar. Isso não foi exatamente um erro de continuísmo, como pode parecer. Contudo, aconteceu para melhoria do som, pois os adereços dela estavam fazendo um pequeno barulho que tirava a clareza da gravação de outros cantores.

Muitas vezes, pequenos detalhes podem atrapalhar a consecução de atos rumo ao sucesso. Neste caso, Diana Ross avisou a produção, que conseguiu detectar de onde vinha a fonte de ruído. Mais um exemplo de que todos devem ajudar, independentemente de quem seja a função. Você detectou, você pode ajudar. Se o problema é da equipe, o problema também é seu.

É verdade, vamos fazer um dia melhor, só eu e você

O sigilo mantido em torno do projeto revela mais uma tática inteligente para evitar interferências externas. Em projetos, a confidencialidade estratégica pode ser vital para manter a concentração da equipe, garantindo que todos estejam na mesma página e que nada seja mais importante que o trabalho a ser feito.

O grande sucesso de ‘We are the world’ também se deveu à discrição das pessoas-chave, que conseguiram gerar curiosidade na imprensa sem gerar alarde para a reunião de um elenco de dezenas de estrelas do showbiz.

Se na época já havia a preocupação em evitar o frisson midiático, imagine a quantidade de possibilidades de desvios de atenção em projetos na nossa atualidade. Além de respeitar termos contratuais de confidencialidade, uma postura pró-ativa e muita concentração no objetivo podem ajudar você a contribuir tanto com o sucesso do projeto em que você está, quanto com o triunfo da sua equipe.

No seu comportamento reside uma grande chave que ditará o seu futuro. Preste atenção a isto e aprimore-se sempre, técnica e emocionalmente.

Nós somos o mundo…

Em resumo, “We Are the World” oferece uma sinfonia de lições para profissionais de gerenciamento de projetos, destacando a importância da liderança, colaboração, alocação de recursos, compreensão individual e coordenação técnica abrangente. A gestão de riscos, a comunicação eficaz e a adaptação a contratempos também são de suma importância. Estes aspectos estão presentes tanto na criação de uma música e de um videoclipe quanto na execução de projetos tecnológicos ou empresariais.

Depois desse documentário, “We are the World” deixou de ser apenas uma canção para nós. Hoje, ela é também um legado inspirador de como a gestão de projetos pode transformar visões em realidade. Que possamos extrair dessas lições a harmonia necessária para o sucesso. E que essa melodia nos lembre da importância do pensamento amplo e da colaboração em todas as nossas empreitadas, independentemente do campo de atuação.

Se você quer aprender a desenvolver essas habilidades e se tornar um líder capaz de transformar projetos e pessoas, entre em contato conosco e conheça nossas oportunidades de alavancar sua carreira em até um ano.

Texto: Prof. Esp. Hélia Scremin de Souza Germano Nogueira – Jornalista MTB 0092901/SP

Imagens: Divulgação. Para atribuição ou remoção, contate-nos no e-mail mkt@ctainfo.com.br