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Quiet Quitting: corpo mole ou busca por uma vida que faz sentido?

Empresas e pessoas perdem enquanto o conflito prevalece.

O que de fato acontece no caso do quiet quitting é um conflito entre visões de mundo. (…) E pode estar justamente aí a salvação do trabalho, das empresas e principalmente das pessoas (…).

Nos últimos meses, temos visto uma chuva de artigos sobre um fenômeno que tem recebido o nome de “quiet quitting” ou demissão silenciosa. Já ouviu falar?

O nome – dado nos fóruns dos Estados Unidos e replicado por muitos colunistas mundo afora – sugere uma série de comportamentos que visam fazer apenas o mínimo para manter o emprego, quase uma operação tartaruga. Mas a própria comunidade profissional já vem criticando a nomenclatura.

E convenhamos, ela pode levar a muito preconceito e colocar gente cheia de potencial e comprometimento no mesmo balaio de gente sem ambição ou mesmo de gente inescrupulosa. O movimento que percebemos é apenas uma não aceitação da política exploratória que a sociedade se acostumou a achar “normal”. O que ouvimos dos jovens profissionais é uma busca por qualidade de vida, o que é diferente do presenteísmo (presença física concomitante com uma ausência mental do trabalho, que pode acender um alerta para problemas emocionais graves, ligados ou não ao ambiente laboral) ou do pouco caso.

Aqui na CTA entendemos que profissionais não são botões de liga e desliga. Por mais óbvio, vale lembrar que há um universo de nuances que compõem a experiência humana e somente rótulos como “certo x errado”, “bom x mau profissional” são expressões pobres para descrever algo tão grandioso. Mais que isso, como empresa de ensino na área de TI, somos convictos de que embora vivamos em um mundo moderno, seres humanos jamais devem ser tratados como se fossem máquinas.

Apenas a título de ilustração, podemos listar alguns tipos que poderiam ser enquadrados no termo:

  1. Gente que faz corpo mole, não cumpre nem o horário, larga todas as tarefas – inclusive decisões – na mão de subordinados;
  2. Gente que cumpre o expediente e faz um trabalho mais ou menos, com quem não dá pra contar na hora que as coisas apertam;
  3. Gente que dá seu melhor, mas não ouse falar em hora extra, nem mesmo diante de situações extremas;
  4. Gente que tem problemas reais de saúde (própria ou de familiar – em geral mulheres com filhos), que têm necessidade verdadeira de se ausentar por motivos de força maior;
  5. Gente cheia de problema emocional, com sobrecarga psíquica incapacitante parcial ou total, permanente ou temporária, mas que é honesta (e que precisa parecer forte) demais para pedir um atestado e vai trabalhar mesmo sem ter muitas condições;
  6. Gente que cumpre horário e dá conta de várias tarefas em pouco tempo, mas que não se prontifica para tarefas além do escopo de sua função…

O que é facilmente detectável é que essas pessoas não têm comportamentos semelhantes, muito menos agem pelos mesmos motivos.

(…) a própria comunidade profissional já vem criticando a nomenclatura. (…) ela pode levar a muito preconceito e colocar gente cheia de potencial e comprometimento no mesmo balaio de gente sem ambição ou mesmo de gente inescrupulosa.

As gerações anteriores à Y, foram forjadas em um modo de vida mais voltada ao mundo do trabalho, focada em ser e/ou parecer produtivo. Hoje sabemos que nosso estilo de trabalho atual, com demasiada interação com pessoas e telas, é prejudicial à saúde por promover estresse superior aos níveis considerados adequados e equilibrados. Antes, isso não estava tão claro e o que importava para grande parte dessas pessoas era tempo à mesa. Gente que precisa espairecer – mesmo diante de horas de atividade mental extenuante – parecia vagal. Essa mentalidade começou a ser modificada pela geração dos anos 80 e é dominante entre os jovens da geração Z que estão cada vez mais presentes no mercado de trabalho.

Os filmes dos anos 1980, 1990 e 2000 eram cheios de workaholics sem vida social, afetiva e familiar saudável e equilibrada. Era o modus operandi das gerações anteriores e esse padrão tinha que mudar. E foi a geração Y que puxou o bonde para a mentalidade já dominante na geração Z: a busca por saúde mental e balanço entre vida profissional e pessoal.

Isso está errado? Para usar mais um exemplo pop, quem assistiu à série Emily em Paris, da Netflix, viu em sátira o quanto a cultura francesa prega pela separação total entre o mundo do trabalho e o profissional. Assim também é em Portugal, onde temos profunda vivência, como continua na cultura francesa mesmo na era das reuniões online. A cultura do overdelivery veio dos Estados Unidos para o Brasil e se mesclou à nossa Geleia Geral de descendentes de escravizados e senhores (todos juntos e misturados) e foi levado ao extremo. Qualquer coisa diferente da entrega e submissão total além do combinado já é vista com maus olhos, inclusive entre os pares.

E se construíssemos uma cultura (…) de contribuição (…), gerando ambientes saudáveis, com menos horas de expediente, mais flexibilidade, gentileza e honestidade entre todos, melhores salários e diálogos?

O que de fato acontece no caso do quiet quitting é um conflito entre visões de mundo. Passamos gerações demais sendo excessivamente identificados socialmente por meio do trabalho. A sujeição é tanta que muita gente, ao deixar uma empresa, perde também seu referencial de pertencimento na sociedade, com casos de adoecimento mental. Afinal, há sempre um status relacionado ao cargo, à empresa, ao setor. As perdas são reais e as consequências psicológicas também.

Hoje, as gerações querem ser mais que uma matrícula funcional. Propósito, realização, conexões humanas saudáveis já pesam muito mais que há algumas décadas e a vivência pandêmica enalteceu essa preferência. Nenhum problema nisso! E pode estar justamente aí a salvação do trabalho, das empresas e principalmente das pessoas envolvidas em todo o processo. Ignorar as necessidades das pessoas traz problemas inclusive para as empresas e, consequentemente, para os outros seres humanos que insistem em negligenciá-las.

E se construíssemos uma cultura genuinamente brasileira de contribuição e hospitalidade empresarial e profissional, gerando ambientes saudáveis, com menos horas de expediente, mais flexibilidade, gentileza e honestidade entre todos, melhores salários e diálogos? Será que teríamos mais gente empregada? Mais sucesso nos projetos? Mais qualidade de vida para empregados e empregadores?

A CTA aposta que sim e quer estar ao lado de profissionais e empresários para tornar essa realidade viável o mais rápido possível, oferecendo formações e mentorias em habilidades técnicas e gerenciais e promovendo transformações em habilidades comportamentais para uma cultura de prosperidade e empoderamento pessoal e empresarial.

Defendemos que conhecer as necessidades, preferências e habilidades das pessoas e coloca-las nos lugares adequados para que possam dar o melhor de si pode mudar a situação atual. Para isso, oferecemos recursos e ferramentas para você saber mais sobre e aprimorar as suas skills e da sua equipe. Entre em contato conosco e descubra o Universo CTA.

Prof. Dr. Marcelo Nogueira e Profª. Hélia Scremin de Souza Germano Nogueira

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