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Como O |Atendimento| Pode Ser A Falta De Alma do |Negócio|

Você já culpou o cliente por um erro de um funcionário ou sistema? Como chegar ao atendimento de excelência?

Nós da CTA presenciamos isso na pele, como clientes. E, como mentores, queremos compartilhar as melhores práticas.

Confira nosso comentário:

Por 

Hélia Scremin de Souza Germano Nogueira

Costumo insistir com alunos e mentorados que, para obter sucesso na carreira e nos negócios, precisamos ouvir atentamente nossos clientes e saber cada detalhe das necessidades deles. Afinal, uma empresa só existe para preencher essa lacuna com alguma solução. E, se você é empregado, o seu trabalho existe justamente com esse propósito, seja diretamente no atendimento ao cliente ou indiretamente.

E toda vez que falo isso, vejo uma grande expressão de interrogação no rosto e nas atitudes deles. Não é apenas sobre entender o problema do cliente, mas de se conectar genuinamente.

E isso começa no dia a dia. Seja mais apaixonado pelo cliente do que pela solução da empresa ou pelo seu próprio trabalho. Ao atender um cliente, pergunte mais, fale menos do produto e deixe-o falar do que importa para ele. Com o tempo, você vai descobrir que essa escuta contém ouro. Parece complicado, mas é apenas sobre ser humano e praticar algo esquecido por aí: empatia.

Experiências “mágicas”

Temos visto muitas situações em que o mínimo não está sendo feito. Algumas ocasiões nos deixaram perplexos com a desconexão das pessoas com outro ser humano e nos fizeram questionar como ainda podem haver empresas funcionando dessa maneira.

Uma academia tinha a prática de dar boas-vindas aos alunos com uma plaquinha. Cheguei e estava escrito Paula. Brinquei com o professor e ele disse que ele não mudou pois não era função dele. Totalmente desconectado do pertencimento ao local de trabalho. Em qualquer formação de funcionários que se preze, o lema é “os problemas da empresa são problemas de todos”. Teria sido mais fácil esconder o letreiro do que pagar o mico de dar boas-vindas à aluna errada.

Em outra academia, muitos meses depois, a recepcionista estava ausente e meu nome não constava na agenda. Detalhe: sempre marco o mesmo horário que meu marido, fato já sabido por funcionários e professores. O nome dele estava na agenda e ninguém estranhou. Detalhe 2: a tal pessoa agendada não estava no local e já havia passado o horário de tolerância. A professora olhou pra minha cara, validou meu check-in (garantindo o pagamento para a escola) e disse que não ia me atender porque não estava na agenda. Escolheu as outras alunas que estavam com nome na lista e assistindo à cena. Virou as costas sem nem nos dar chance de argumentar. O outro professor, que já nos conhecia, contornou constrangido a situação e pediu para eu enviar a confirmação de reserva pelo whatsapp para a escola poder comunicar o problema de integração de sistemas. Ele fez o que ela poderia ter feito gentilmente e evitado o imbróglio.

Ainda uma última situação, repetida em inúmeros atendimentos presenciais e virtuais: “nós enviamos o e-mail, você não viu sua caixa de spam”; “o sistema enviou automaticamente”, “você não recebeu a mensagem no whatsapp porque não adicionou o contato à sua lista”. Traduzindo em miúdos: tudo culpa do cliente. Isso pode até ser verdade, mas é realmente necessário ser agressivo?

O que está errado e o que fazer

Onde foi parar o pessoal do “o cliente sempre tem razão”? Óbvio que tem muitas vezes que o freguês está errado, mas não precisamos iniciar a violência pra tentar defender o quê? A empresa? A perfeição da equipe? Ou pior, o sistema?

Esqueceram de contar pra esse pessoal que sistemas falham e que a conferência também faz parte do trabalho, mesmo quando a empresa é automatizada. Inclusive, se os próprios sistemas informatizados trabalham com redundância a fim de reduzir falhas, por que nós, humanos, não deveríamos?

A melhor maneira de responder a um cliente é perguntando. Acusar e apontar dedos não é jeito de se comunicar em nenhuma relação, nem dentro nem fora de casa. A exemplo da CNV, Comunicação Não-Violenta, existem inúmeras técnicas e teorias de comunicação eficaz para minimizar conflitos e otimizar acordos.

E, se você pensa em se destacar na sua profissão, comece melhorando a sua comunicação e tornando-a mais empática. Eu raramente vi pessoas sendo demitidas porque não davam conta de algum requisito técnico, mas já vi muitas perdendo emprego por tratarem mal clientes e colegas.

Riscos e responsabilidades

Essas situações me fizeram lembrar de um discurso de Sam Walton, fundador do Wal Mart:

Samuel Moore Walton, fundador da rede de hipermercados Wal Mart. Fonte: Wikipedia

“Eu sou o homem que vai a um restaurante, senta-se à mesa e pacientemente espera, enquanto o garçom faz tudo, menos anotar o meu pedido. Eu sou o homem que vai a uma loja e espera calado, enquanto os vendedores terminam suas conversas particulares. Eu sou o homem que entra num posto de gasolina e nunca toca a buzina, mas espera pacientemente que o empregado termine a leitura do seu jornal. Eu sou o homem que explica sua desesperada e imediata necessidade de uma peça, mas não reclama quando a recebe após três semanas somente. Eu sou o homem que, quando entra num estabelecimento comercial, parece estar pedindo um favor, ansiando por um sorriso ou esperando apenas ser notado. Eu sou o homem que entra num banco e aguarda tranquilamente que as recepcionistas e os caixas terminem de conversar com seus amigos, e espera pacientemente enquanto os funcionários trocam idéias entre si ou, simplesmente abaixam a cabeça e fingem não me ver. Você deve estar pensando que sou uma pessoa quieta, paciente, do tipo que nunca cria problemas. Engana-se. Sabe quem eu sou? Eu sou o cliente que nunca mais volta!”

Para além do risco que Walton relatou, eu fico pensando em quantos clientes um estabelecimento pode perder a partir de um único desabafo em uma rede social pessoal e quantos mais com resenhas negativas no Google, com virais e tudo mais.

Foque em estabelecer vínculo genuíno e ouvir seu cliente em todo contato, faça com que ele se sinta bem-vindo e ele será leal e um promotor da marca. Trate-o mal uma única vez e corra o risco de perder este e vários outros.

Para o empresário, há responsabilidades ainda maiores. Mas isso representa também a grande oportunidade de ter um time que sustenta a empresa e a leva para patamares cada vez mais elevados com entusiasmo. Entenda que seu funcionário, além de seu representante, é seu cliente interno, e portanto, seu primeiro cliente.

Para que seja mais fácil tratá-lo bem, escolha gente conectada com os valores da sua empresa. Não tem salário que compense desconexão de propósito. Ouça-o e atenda rapidamente às necessidades apresentadas, dando condições de trabalho reais em todos os níveis. Faça-os crescer para que possam voar e isso trará crescimento também para o seu negócio. Gente que se sente estagnada não fará com que você cresça. E, mesmo que eles saiam, tenha certeza que levem uma excelente imagem do tempo que passaram servindo ao seu empreendimento.

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